É impressionante como inúmeros líderes têm baixa (para não dizer nenhuma, em alguns casos) percepção dos simbolismos de seus gestos, do estilo de suas roupas ou do impacto de sua simples presença nos ambientes organizacionais nos quais atuam, sejam privados ou públicos.
Você, provavelmente, já viveu algo parecido com essa típica cena de mundo organizacional... O líder abre um treinamento ou evento, com aquele tradicional discurso sobre o quanto as pessoas que estão ali “são importantes” e que não existe nada mais relevante do que “as relações” entre todos para o resultado daquele time.
Pois bem... Algumas horas passam e, em um momento de celebração, o time está todo abraçado, descontraído e se divertindo, enquanto esse mesmo líder, que horas antes tentava motivar com suas palavras sábias, está mergulhado em seu celular, trocando mensagens no canto da sala, completamente isolado e distante.
Que mensagem, de fato, ele transmite a todos? Há coerência entre o discurso e a prática?
Quando se é líder, todos estão de olho em você! Cada gesto ou movimento é constantemente percebido para checar se oRna ou se não oRna. E, meu caro, minha cara, quanto mais alto o cargo hierárquico, mais os simbolismos contam...
Se você sabe disso, reflita se seus gestos estão coerentes com o que tem pregado?
Outro exemplo recente que chamou a minha atenção foi o do nosso Presidente da República, recém-saído do hospital, vestindo uma camisa do Palmeiras, falsificada, enquanto discutia o assunto econômico mais importante do momento: a Reforma da Previdência.
Na minha opinião – e respeito quem não concorde - mesmo em recuperação depois de uma cirurgia complexa, a relevância do tema da reunião com a equipe econômica e demais assessores exigia um pouco mais de formalismo. Jair Bolsonaro tem um estilo muito genuíno, caracterizado por ser informal, e isso é legal. E ele não precisava estar de terno e gravata naquela reunião nem com a camisa do seu time preferido. Ainda mais uma peça falsificada. Como defensor da ordem, das regras e leis – temas muito presentes em seu discurso – ele deveria dar o exemplo.
Uma questão de simbolismos, não é mesmo? O que se veste, os gestos usados em momentos importantes e críticos, ou mesmo a simples presença, fazem toda a diferença para reforçar uma determinada mensagem.
Se você, líder, não tem refletido sobre isso, ainda há tempo... Aqui vão algumas dicas rápidas:
1 – Reflita sobre quais SIMBOLISMOS são ESSENCIAIS na sua posição;
2 – Peça FEEDBACKS, de diferentes perspectivas, pois a diversidade aqui faz diferença;
3 – Assuma que os SIMBOLISMOS precisam ser GENUÍNOS. Se não, o movimento sai pela culatra;
4 – E, assim, considerando a dica 3, invista muito no seu AUTOCONHECIMENTO.
Apenas olhando para si, você aumentará sua percepção das sutilezas e, cada vez mais, conseguirá fazer gestos e movimentos autênticos, reforçando o próprio discurso.
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Edu Seidenthal